sábado, 21 de junho de 2008

A Eutanásia na visão espírita

A Eutanásia na visão espírita
Eutanásia. Do grego ‘eu’ (bom) e ‘tanathos’ (morte). Seria, analisando etimologicamente, a suposta “boa morte”. Cientificamente, uma morte com menores sofrimentos.
A eutanásia é tratada por alguns enfermos como “um meio de se obter uma morte digna”. Não podemos julgar essas pessoas devido aos seus problemas e suas condições de saúde. Mas podemos analisar a palavra digno. Digno é, entre outros significados, alguém ou algo merecedor. Analisemos este termo. Então, no caso, por se encontrarem em um estado grave de enfermidade, algumas pessoas se julgam no direito de determinar o término de sua vida, julgando esta ser uma opção mais correta por não se considerarem merecedoras deste tipo de desencarne. No Livro dos espíritos, os espíritos afirmam que “é sempre culpado aquele que não aguarda o termo que Deus lhe marcou para a existência”.
No livro Após a Tempestade, Joanna de Ângelis define a eutanásia como algo puramente material. “É uma prática nefanda que testemunha a predominância do conceito materialista sobre a vida, que vê apenas a matéria e suas implicações imediatas em detrimento das realidades espirituais, refletindo também a soberania do primitivismo animal na constituição emocional do homem”, afirma. Depois dessa explicação, vemos que esse ato pode parecer bastante pensado aos olhos da pessoa, do ponto de vista material, mas é uma atitude extremamente impensada do ponto de vista espiritual. Queremos que as pessoas pensem realmente se é isso que desejam. Esse ato abrevia o sofrimento de hoje, mas acarreta sofrimentos até maiores a esses espíritos ao longo de sua caminhada evolutiva e contradizem, se for o caso, o respeito dessas pessoas às leis de Deus. Nós, espíritas, temos a consciência de que a eutanásia não é um alívio. Pelo contrário, é o início de grande sofrimento para esse espírito. Tal ato seria uma inconseqüência mediante o que aprendemos em nossa doutrina. Não estamos aqui simplesmente para passar nossa opinião. Estamos, além disso, mostrando o que a Doutrina Espírita tem a nos dizer sobre esse tema tão complexo.
E no caso de uma outra pessoa,seja ela um familiar ou o próprio médico,tomar a decisão de interromper a vida desse enfermo ou colaborar com esse ato? Seria essa uma ação solidária ou inconseqüente, errônea?
Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, no Capítulo V (Bem-aventurados os aflitos), item 28 “Um homem está agonizante, presa de cruéis sofrimentos. Sabe-se que seu estado é desesperador. Será lícito pouparem-se-lhe alguns instantes de angústia, apressando-se-lhe o fim?”, nós podemos obter a resposta: “Quem vos daria o direito de prejulgar os desígnios de Deus? Não pode ele conduzir o homem até a borda do fosso, para daí o retirar a fim de fazê-lo voltar a si e alimentar idéias adversas das que tinha? Ainda que haja chegado ao último extremo um moribundo, ninguém pode afirmar com segurança que lhe haja soado a hora derradeira. A ciência não se terá enganado nunca em suas previsões? (...)”
O Evangelho nos responde e ainda toca em uma questão muito importante: a ciência e seus erros, improváveis mas possíveis. Com certeza, acontecem muitos casos de médicos que prevêem um prazo de vida a um enfermo e este se expande muito mais que o esperado. Sabemos que a ciência evolui a cada dia e nos prova coisas consideradas improváveis há tempos atrás. Ela pode até determinar os fatores que podem influenciar uma vida longa ou curta, mas nunca dizer exatamente quando será o termo de uma vida. Isso só cabe a Deus.
Por todos esses fatores, devemos ser contra a Eutanásia (não esquecendo, claro, do livre arbítrio) mas, acima de tudo, devemos nos mostrar solidários aos enfermos, argumentando sobre a decisão destes de abreviar sua vida, mostrando-lhe que é importante à sua família, sem entrar na questão do desencarne (pós-morte) em se tratando de uma pessoa que não tenha religião ou que não seja espiritualista, mostrar a esta uma maneira de ser útil à sociedade, de ter auto-estima, de se sentir alguém.
Ramon Campos Mitchell da Silva
Bibliografia básica:

1. wikipedia.org
2. Michalik, Marco Túlio - Revista cristã de Espiritismo - edição 20.
3. Kardec, Allan – O Livro dos Espíritos – Edição: Federação Espírita Brasileira – Tradução Guillon Ribeiro.
4. Kardec, Allan – O Evangelho Segundo o Espiritismo – Edição: Federação Espírita Brasileira – Tradução: Guillon Ribeiro.
5. Angelis, Joanna de – Após a Tempestade.

7 comentários:

Irene Ibelii disse...

Amigos ótimo trabalho de vocês, parabéns. Abri um blog sobre a partida de entes queridos. Em relação a este assunto, acredito que não compete a nós abreviar o sofrimento de ninguém. Meu filho Erick de 24 anos era portador de Distrofia Muscular Progressiva do tipo Duchenne, ele partiu em 15/08/2006. O quadro dele era grave, então uma virose aparentemente comum para nós, complicou mais ainda o quadro. Ele ficou 37 dias internado na UTI, 15 dias em coma. Foi muito difícil para nós vermos nosso filho tão querido sofrer. Nem passou pela nossa cabeça pedir que desligassem os aparelhos, pois como espírita eu sabia da importância, para nosso filho e para nós, daqueles momentos. Ele poderia recobrar a consciência e voltar conosco para casa??? Deus é quem tinha a resposta. Acradeço a Deus por esta missão. Foram 24 anos, que para nós valeram por milhões de anos, vividos ao lado de um espírito maravilhoso, muito iluminado que nos deu exemplos de paciência, resignação e de muita fé.
Um abração, Irene Ibelli

mara-momo disse...

eu estava a procura desse tema pela visão espírita, pois o que venho aprendendo neste ultimo ano é que a doutrina é sempre muito ponderada e centrada nas idéias concebidas. O que vem muito me ajudando abrindo novos horizontes e conseqüentemente me tornando uma pessoa melhor e mais paciente.
Obrigado pelo artigo. Gostaria de sugerir um tema, seria dos homossexuais, apesar de ser heterossexual me compadeso das dores que essas pessoas passam, a rejeição o preconceitos.
Outro tema que queria que abordassem é sobre adoções de crianças, pois acho um dos atos mais bonitos. Até maior que a própria maternidade.
Por fim me despeço, adorei o blog espero que ele cresça ^^

ps: caso precisarem de ajuda no visu do site me procurem em
brasilzine.blogspot.com talvez possa-lhe serem util , até mais

Anônimo disse...

Nunca vi a eutanásia por este lado. me ajudou muito. Eu era completamente a favor da eutanásia(olhava o lado material da pessoa). Agora, com esse novo ponto de vista, estou revendo meus conceitos.

Anônimo disse...

Ainda tenho duvidas, pois pessoas idosas e terminais nao recobram a juventude, sendo realmente prolongar o sofrimento, e esta mesma sociedade aceita a eutanasia em animais, considerando crueldade nao o faze lo. Ademais, alimentar uma pessoa a forca por meses, ventilar artificialmente o pulmao e outros, nao e uma forma pouco inteligente da medicina intervir no fim natural da vida em pessoas muito idosas ou com doencas desesperadoras? A evolucao trara uma morte sem dor, pois necessitamos sim deste tipo de anestesia, e modernizar tambem a visao espirita, que esta estanque ha quase 150 anos, sem acrescentar nada no campo da ciencia, sendo hoje basicamente uma religiao do ramo do cristianismo.

Unknown disse...

O corpo físico :
independente da idade é apenas um corpo físico e cérebro.O que habita nele é um espírito.Aqui na terra um depende do outro para viver. E isso pode passar milhões de anos e não irá mudar. Não é a doutrina espírita que tem que mudar a realidade de todos nós. A não ser que creia que você é apenas um pedaço de carne , cérebro ,células, átomos etc e quando parar de existir pela eutanasia sua vida acaba neste exato momento e sua dor cessa e você simplesmente para de existir.
Mas a partir que entende que seu corpo é o reflexo do seu espírito ,irá entender que os sentimentos ,a dor ,a alegria ,a raiva ,o amor provém da alma e não do cérebro.O cérebro sozinho não pensa ,não haje,não funciona, é apenas um cérebro. É o espírito que comanda o cérebro e não cérebro que comanda o espírito. O corpo sem espírito é carne morta como as carnes do açougue.
Isso é a lei,não é a doutrina espírita que inventou. Ou crê que suas intuições, suas premonições, seus sentimentos ,independentemente se tem religião ,vem apenas do cérebro? ? Temos inúmeras provas é só pesquisar, até para os mais céticos.
Portanto uma eutanasia mesmo pelo seu livre arbítrio tem muito para se refletir.
...É muito complicado ver seu ente querido sofrer, mas para quem tem conhecimento sabe que não será adiantando sua morte que irá tira-lo do sofrimento.

Unknown disse...

O corpo físico :
independente da idade é apenas um corpo físico e cérebro.O que habita nele é um espírito.Aqui na terra um depende do outro para viver. E isso pode passar milhões de anos e não irá mudar. Não é a doutrina espírita que tem que mudar a realidade de todos nós. A não ser que creia que você é apenas um pedaço de carne , cérebro ,células, átomos etc e quando parar de existir pela eutanasia sua vida acaba neste exato momento e sua dor cessa e você simplesmente para de existir.
Mas a partir que entende que seu corpo é o reflexo do seu espírito ,irá entender que os sentimentos ,a dor ,a alegria ,a raiva ,o amor provém da alma e não do cérebro.O cérebro sozinho não pensa ,não haje,não funciona, é apenas um cérebro. É o espírito que comanda o cérebro e não cérebro que comanda o espírito. O corpo sem espírito é carne morta como as carnes do açougue.
Isso é a lei,não é a doutrina espírita que inventou. Ou crê que suas intuições, suas premonições, seus sentimentos ,independentemente se tem religião ,vem apenas do cérebro? ? Temos inúmeras provas é só pesquisar, até para os mais céticos.
Portanto uma eutanasia mesmo pelo seu livre arbítrio tem muito para se refletir.
...É muito complicado ver seu ente querido sofrer, mas para quem tem conhecimento sabe que não será adiantando sua morte que irá tira-lo do sofrimento.

Eros José Sanches disse...

No que pese a condição evolutiva de cada espírito, posicionando-o em uma e outra prova, o Espiritismo deve caminhar com a ciência, como bem citou Kardec.
O arbítrio é uma condição intrínseca do ser racional, ou seja, uma conquista evolutiva. Se o sofrer humano é fonte de aprendizado, o sofrer do Espírito o é de igual maneira. Não havendo esperança de recuperação (por constatação médica) e instalando-se dores acerbas por conta de uma enfermidade, cabe ao ser em provação decidir sobre sua vida. Ele (o enfermo terminal), Espírito imortal, conquistou sua capacidade racional e com ela fez suas escolhas. Sofrerá no além-túmulo? Sabemos (sem sombra de dúvida) que sofre no corpo físico, mas o posicionamento espiritual de cada um, após a Vida, apenas podemos deduzir...
Qual o direito de "impor", por meio de uma convicção religiosa, o sofrer de outrem? Nós, Espíritas, estamos com isso fazendo algo diferente do que as demais religiões?
Se sabemos das possíveis causas e efeitos que nos levam a sofrer, tomemos as decisões por (e para) nós mesmos e não pelos outros, que em muitas vezes não professam nossas crenças. Se possuímos a certeza da vida após a morte, as convicções Espíritas somente cabem a nós e não àqueles que não se convenceram das nossas verdades.
Não seria o respeito à decisão alheia uma prova de amor? Não seria a aceitação do afastamento físico de uma pessoa que amamos (e que agoniza cruelmente) uma prova de amor ao seu existir?
A eutanásia deve ser submetida a um estudo minucioso por parte de juristas, médicos e psicólogos, para que sua prática não se torne uma banalização; para que se estabeleçam critérios científicos e psicológicos mais sólidos.
Quanto aos religiosos, desde que seja a própria pessoa que deseje submeter-se à "boa morte" cabe ao líder religioso dar-lhe o conforto possível, elucidando-a o quanto isso for de utilidade plausível ao seu estado psíquico e, depois, aceitar-lhe humildemente a decisão sem acusá-la, pois aí está o verdadeiro amor ao próximo.